Phillip Krinker

Inadimplência: pequenas empresas não recebem de grandes empresas no Reino Unido

O dilema em que vivem muitas empresas por não receber o pagamento de empresas clientes, não é um problema que ocorre somente no Brasil.

No Reino Unido, por exemplo, são cerca de 50 mil empresas de pequeno porte em uma situação financeira delicada por causa de atrasos no pagamento de grandes empresas que acabam custando à economia bilhões de libras.

Em entrevista ao jornal “The Times”, o encarregado do governo em combater as dívidas no setor da construção, Paul Uppal, diz que os pagamentos atrasados de grandes empresas são um freio ao crescimento e à economia das nações britânicas.

Desde que foi nomeado para esta missão, seu departamento recebe dezenas de reclamações por mês. Uppal vem trabalhando com quatro casos particulares e solicitou o pagamento em nome de outras quatro empresas de forma bem sucedida, porém, segundo ele, é cedo para afirmar que esse papel assumido será bem-sucedido em promover pagamentos imediatos.

Juntamente com as regras que forçam as grandes empresas a divulgar quanto tempo irão demorar para liquidar suas contas, ele diz que a criação de um departamento para isso é um grande passo. Ele pode fazer recomendações sobre como as partes devem resolver suas disputas, mas não pode cobrar multas.

“A ideia é envergonhar os infratores, mas destacar as boas práticas também", diz, discordando de quem julga que ele deveria ter a autoridade de exigir informações de grandes empresas suspeitas de práticas de pagamento insatisfatórias.

Pequenas empresas x grandes empresas

Uppal explica que a indústria da construção, na qual ele trabalha, é particularmente propensa a maltratar fornecedores. Ele diz que desde que assumiu o cargo de “cobrador”, descobriu que o problema é muito pior do que empresas que demoram a pagar suas contas. “Trata-se de grandes empresas empurrando os problemas para pequenas empresas, tanto quanto puderem. Esse é o problema real e se manifesta nos atrasos de pagamento. É uma desigualdade contratual”.

Uppal revela ao jornal que se ele próprio dirigisse uma pequena empresa de construção, tentaria resolver o problema sozinho ao invés de recorrer a um órgão do governo.

Embora muitos donos de empresas de pequeno porte estejam dispostos a ter uma conversa informal com Uppal e sua equipe, acaba sendo difícil convencê-los a apresentar uma queixa formal, pois estes fornecedores têm receio de ser punidos pelos clientes, se causarem confusão sobre o dinheiro que lhes é devido.

Segundo Uppal, pequenas empresas recebem um contrato (que não leem), mas mesmo que elas perguntem algo, é um caso de pegar ou largar, porque sempre haverão outros fornecedores que irão aceitar.

Ele conta ficar chocado ao saber detalhes de contratos sendo alterados por grandes clientes na metade do caminho. "Para muitas pequenas empresas, é um sonho conseguir um acordo para fornecer para uma grande empresa. Mas muitas vezes, é o começo de um pesadelo ”.

O uso das chamadas retenções, sob as quais uma parte da fatura de um fornecedor é retida como garantia - caso o subcontratado não retorne para corrigir defeitos - é cada vez mais contestável. Grupos da indústria dizem que as retenções são abusos dos empreiteiros para suavizar seus próprios problemas de fluxo de caixa, com pequenos fornecedores enfrentando uma batalha para recuperar seu dinheiro.

“É um comércio duro e bruto. Há um interesse em colocar os caras menores fora dos negócios para que você não precise pagá-los”, revela.

No Reino Unido, a inadimplência é um problema cultural de longa data entre as empresas, onde o governo busca soluções de longo prazo.

Uma das soluções é o Seguro de Crédito, cada vez mais difundido no mundo e também no Brasil. Para conhecer as soluções e como ele pode ser o aliado de pequenas empresas, conte conosco e consulte-nos quando precisar.

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